Novo X-Men supera expectativas
Após o fracasso de Wolverine Origens, a franquia X-Menfoi colocada em cheque. Nada melhor do que trazer o condutor inicial para nos contar como tudo começou. Bryan Singer, no entanto, não pode dirigir o quinto filme da série, mas deu sua contribuição no roteiro à cinco mãos e assumiu o papel de produtor do filme dirigido por Matthew Vaughn. O resultado que vemos em tela é uma obra madura, que nos conduz em questões fundamentais da humanidade como busca por aceitação, evolução e segregação racial. Tudo isso em um mundo dividido em que vivíamos à expectativa de uma guerra nuclear.
A história centra-se em um triângulo interessante. Dois mutantes opostos que se juntam para frear a ambição de um terceiro. Em um lado está Erik Lehnsherr, vindo de uma família polonesa que sofre nos campos de concentração. Com um estranho poder de atrair metais, o garoto sofreu com a morte de sua mãe e jurou vingança ao homem que lhe causou todo o sofrimento. Em outro vértice, está Charles Xavier, vindo de uma rica família americana, nunca soube o que era problema, seu poder psíquico e sua inteligência o levaram a estudar a evolução humana e as mutações genéticas. Após terminar sua tese, tem certeza de que pode ajudar em um mundo mais harmônico. No outro ponto está Sebastian Shaw, ex-nazista que tem como único objetivo destruir os seres humanos em uma guerra nuclear para que a raça mutante possa tomar conta do planeta. Vai de encontro aos planos de Xavier, além de ser o antigo carrasco de Erik.
Com uma história extremamente bem embasada e ligada aos acontecimentos da época, X-Men surge não apenas como um filme de super-heróis. Aqui vemos os horrores dos campos de concentração, a tensão da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, aproveitando inclusive o incidente com mísseis em Cuba e cenas reais do presidente Kennedy, além de falar de questões humanas e brigas por sobrevivência. É irônico por exemplo ver o sofrimento de Magneto quando estava no campo de concentração se transformar em uma sede pela supremacia da raça mutante. Aquele que sofreu reage fazendo o mesmo com seus inimigos. Da mesma forma como o idealismo de Charles vem de sua vida tranquila. Em determinado momento, Magneto lhe diz ironicamente ao ver a casa de sua família: "Com você conseguiu sobreviver aqui?"
Todos os personagens são extremamente complexos. É muito bom ver o drama de Mística e Fera, por exemplo, mutantes que trazem na aparência a marca da diferença. Assim como é interessante ver o surgimento de cada membro da equipe e seus poderes, vendo a forma como Charles Xavier compreende e ajuda cada um a encontrar o equilíbrio. Instigante ainda ver sua relação com Raven, a Mística, única que ele não consegue ajudar, demonstrando também nele uma falha e preconceito. É preciso Erik / Magneto para lhe mostrar que ela é bela da forma como é, sem precisar de máscaras, disfarces ou ilusões. Aceitação de si mesmo e conviver com as diferenças, estas são as chaves da obra criada por Stan Lee e Jack Kirby, que chegou às bancas em 1963, e está representada como nunca nas telas neste filme.
Como se não bastasse um bom roteiro, com boas interpretações, temos um cuidado extremo em todos os quesitos. A direção nos brinda com cenas desde já memoráveis como Magneto levantando um submarino. O enquadramento que vemos, os efeitos especiais, a música, a montagem, tudo emociona. Desde a abertura já vemos que tem ali uma obra diferenciada. A junção da moeda no ar com o símbolo do X, é de arrepiar os fãs. Detalhe que a primeira cena do filme é uma repetição da primeira cena da obra de 2000. Aliás, os detalhes fazem o diferencial de X-Men. A cena em que Erik conversa com o alemão no banco traz o reflexo do rosto de outro na barra de ouro, por exemplo, deixando os dois sempre em quadro, independente de quem é focado. A moeda para mesmo o centro das atenções do filme, pois protagoniza outra cena, mostrando Shaw e Charlie em paralelo em uma decisão visual esplêndida.
A montagem é destaque também no treinamento dos mutantes. Com uma estética de história em quadrinhos, onde a divisão de tela é dinâmica, com uma direção de arte moderna, vemos o resumo das tentativas, erros e acertos até que o exército possa estar formado. Traz agilidade à obra, uma referência à origem dos personagens, além de ser visualmente bem feito. Aliás, a direção de arte foi bastante cuidadosa ao unir uma linguagem moderna com reconstituição de época. Até a antiga garrafa de Coca-Cola é vista discretamente em uma cena. Ver o uniforme amarelo nos personagens também é um prazer especial para os fãs. Tudo muito bem construído, destaque negativo apenas para a face de Fera, que mais parece um bichinho de pelúcia fofo, mas que traz alguma semelhança com os primeiros desenhos do personagem.
Como se não bastasse todo o apuro técnico, ainda tem brindes com participações mais que especiais que nem citarei aqui para não tirar a graça da surpresa. A dica é ficar de olho na busca por mutantes que Charlie e Erik imprimem em determinado momento. Um deles não tem como não perceber, sendo uma das melhores cenas do filme, mas outros personagens, bem mais jovens, estão contemplados ali. Outra atriz da trilogia original também faz pequena participação em uma determinada cena. X-Men First Class tem algumas licenças poéticas que fãs mais extremados podem reclamar, ainda assim faz jus a seus complexos personagens. É um filme bem realizado, condizente com a franquia e que excede as expectativas. Bryan Singer merece palmas, e na pré-estreia tiveram alguns que não resistiram a empolgação da apoteótica cena final e literalmente ovacionaram essa ótima obra.
P.S. Infelizmente não há cena pós créditos como é habitual da série da Marvel.
X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class: 2011 / EUA)
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Jamie Moss Ashley Miller, Zack Stentz e Josh Schwartz, baseados no argumento de Bryan Singer
Com: James McAvoy (Charles Xavier), Michael Fassbender (Erik Lehnsherr), January Jones (Emma Frost), Lucas Till (Destrutor), Nicholas Hoult (Fera), Caleb Landry Jones (Banshee), Edi Gathegi (Darwin), Oliver Platt (Homem de Preto), Rose Byrne (Moira MacTaggert), Jason Flemyng (Azazel), Jennifer Lawrence (Mística), Morgan Lily (Mística criança), Zoe Kravitz (Angel), Álex González (Maré Selvagem) e Bill Milner (jovem Magneto).
Duração: 132 min
FONTE:http://www.cinepipocacult.com.br
Após o fracasso de Wolverine Origens, a franquia X-Menfoi colocada em cheque. Nada melhor do que trazer o condutor inicial para nos contar como tudo começou. Bryan Singer, no entanto, não pode dirigir o quinto filme da série, mas deu sua contribuição no roteiro à cinco mãos e assumiu o papel de produtor do filme dirigido por Matthew Vaughn. O resultado que vemos em tela é uma obra madura, que nos conduz em questões fundamentais da humanidade como busca por aceitação, evolução e segregação racial. Tudo isso em um mundo dividido em que vivíamos à expectativa de uma guerra nuclear.
A história centra-se em um triângulo interessante. Dois mutantes opostos que se juntam para frear a ambição de um terceiro. Em um lado está Erik Lehnsherr, vindo de uma família polonesa que sofre nos campos de concentração. Com um estranho poder de atrair metais, o garoto sofreu com a morte de sua mãe e jurou vingança ao homem que lhe causou todo o sofrimento. Em outro vértice, está Charles Xavier, vindo de uma rica família americana, nunca soube o que era problema, seu poder psíquico e sua inteligência o levaram a estudar a evolução humana e as mutações genéticas. Após terminar sua tese, tem certeza de que pode ajudar em um mundo mais harmônico. No outro ponto está Sebastian Shaw, ex-nazista que tem como único objetivo destruir os seres humanos em uma guerra nuclear para que a raça mutante possa tomar conta do planeta. Vai de encontro aos planos de Xavier, além de ser o antigo carrasco de Erik.
Com uma história extremamente bem embasada e ligada aos acontecimentos da época, X-Men surge não apenas como um filme de super-heróis. Aqui vemos os horrores dos campos de concentração, a tensão da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, aproveitando inclusive o incidente com mísseis em Cuba e cenas reais do presidente Kennedy, além de falar de questões humanas e brigas por sobrevivência. É irônico por exemplo ver o sofrimento de Magneto quando estava no campo de concentração se transformar em uma sede pela supremacia da raça mutante. Aquele que sofreu reage fazendo o mesmo com seus inimigos. Da mesma forma como o idealismo de Charles vem de sua vida tranquila. Em determinado momento, Magneto lhe diz ironicamente ao ver a casa de sua família: "Com você conseguiu sobreviver aqui?"
Todos os personagens são extremamente complexos. É muito bom ver o drama de Mística e Fera, por exemplo, mutantes que trazem na aparência a marca da diferença. Assim como é interessante ver o surgimento de cada membro da equipe e seus poderes, vendo a forma como Charles Xavier compreende e ajuda cada um a encontrar o equilíbrio. Instigante ainda ver sua relação com Raven, a Mística, única que ele não consegue ajudar, demonstrando também nele uma falha e preconceito. É preciso Erik / Magneto para lhe mostrar que ela é bela da forma como é, sem precisar de máscaras, disfarces ou ilusões. Aceitação de si mesmo e conviver com as diferenças, estas são as chaves da obra criada por Stan Lee e Jack Kirby, que chegou às bancas em 1963, e está representada como nunca nas telas neste filme.
Como se não bastasse um bom roteiro, com boas interpretações, temos um cuidado extremo em todos os quesitos. A direção nos brinda com cenas desde já memoráveis como Magneto levantando um submarino. O enquadramento que vemos, os efeitos especiais, a música, a montagem, tudo emociona. Desde a abertura já vemos que tem ali uma obra diferenciada. A junção da moeda no ar com o símbolo do X, é de arrepiar os fãs. Detalhe que a primeira cena do filme é uma repetição da primeira cena da obra de 2000. Aliás, os detalhes fazem o diferencial de X-Men. A cena em que Erik conversa com o alemão no banco traz o reflexo do rosto de outro na barra de ouro, por exemplo, deixando os dois sempre em quadro, independente de quem é focado. A moeda para mesmo o centro das atenções do filme, pois protagoniza outra cena, mostrando Shaw e Charlie em paralelo em uma decisão visual esplêndida.
A montagem é destaque também no treinamento dos mutantes. Com uma estética de história em quadrinhos, onde a divisão de tela é dinâmica, com uma direção de arte moderna, vemos o resumo das tentativas, erros e acertos até que o exército possa estar formado. Traz agilidade à obra, uma referência à origem dos personagens, além de ser visualmente bem feito. Aliás, a direção de arte foi bastante cuidadosa ao unir uma linguagem moderna com reconstituição de época. Até a antiga garrafa de Coca-Cola é vista discretamente em uma cena. Ver o uniforme amarelo nos personagens também é um prazer especial para os fãs. Tudo muito bem construído, destaque negativo apenas para a face de Fera, que mais parece um bichinho de pelúcia fofo, mas que traz alguma semelhança com os primeiros desenhos do personagem.
Como se não bastasse todo o apuro técnico, ainda tem brindes com participações mais que especiais que nem citarei aqui para não tirar a graça da surpresa. A dica é ficar de olho na busca por mutantes que Charlie e Erik imprimem em determinado momento. Um deles não tem como não perceber, sendo uma das melhores cenas do filme, mas outros personagens, bem mais jovens, estão contemplados ali. Outra atriz da trilogia original também faz pequena participação em uma determinada cena. X-Men First Class tem algumas licenças poéticas que fãs mais extremados podem reclamar, ainda assim faz jus a seus complexos personagens. É um filme bem realizado, condizente com a franquia e que excede as expectativas. Bryan Singer merece palmas, e na pré-estreia tiveram alguns que não resistiram a empolgação da apoteótica cena final e literalmente ovacionaram essa ótima obra.
P.S. Infelizmente não há cena pós créditos como é habitual da série da Marvel.
X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class: 2011 / EUA)
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Jamie Moss Ashley Miller, Zack Stentz e Josh Schwartz, baseados no argumento de Bryan Singer
Com: James McAvoy (Charles Xavier), Michael Fassbender (Erik Lehnsherr), January Jones (Emma Frost), Lucas Till (Destrutor), Nicholas Hoult (Fera), Caleb Landry Jones (Banshee), Edi Gathegi (Darwin), Oliver Platt (Homem de Preto), Rose Byrne (Moira MacTaggert), Jason Flemyng (Azazel), Jennifer Lawrence (Mística), Morgan Lily (Mística criança), Zoe Kravitz (Angel), Álex González (Maré Selvagem) e Bill Milner (jovem Magneto).
Duração: 132 min
FONTE:http://www.cinepipocacult.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário