segunda-feira, 27 de junho de 2011




“Focinho de canelone.”


Era inevitável. Mais dia, menos dia, a Pixar acabaria derrapando. Após mais de uma década produzindo verdadeiras obras primas e que priorizavam a originalidade, Carros 2 surge como uma continuação caça niqueis, visando apenas dinheiro e não trazendo nada de novo. E o pior, se tornando algo que a empresa sempre fugia: clichê.

Na história acompanhamos Relâmpago McQueen numa corrida ao redor do mundo para promover um novo combustível alternativo e limpo. Mate, seu melhor amigo, vai junto e sem querer, acaba entrando numa tramoia de espionagem americana, sendo confundido com um espião e tendo que participar de uma missão ao lado da novata Holley Caixa de Brita e o agente veterano Finn McMíssel para descobrir quem é o responsável por tentar acabar com o novo combustível.

Como é possível ver pela sinopse, a trama do filme se mostra uma das mais simplórias e clichês já feitos pela Pixar. Com o roteiro escrito por Ben Queen, a trama decide não fazer mais do mesmo, mas falha no caminho que decide tomar. O tema de espionagem surge em cena e segue todos os preceitos e caminhos já estabelecidos por esse gênero, sem trazer algo de inovador, tão presente nos filmes da empresa. Há o espião inteligente, a novata e o herói que cai de gaiato na confusão. Até mesmo o vilão da história se torna previsível e ainda assim, é descoberto envolto de muitos furos.


Mate foi alçado ao posto de protagonista. McQueen cai para um personagem secundário que aparece em parcas cenas em prol do maior tempo em tela de Mate. Antes um personagem secundário que, ao mesmo tempo em que trazia algo um pouco dramático também tinha nele os momentos engraçados, aqui o fato dele de tornar o principal obriga que a cada minuto em que ele esteja em tela, seja dita alguma piada ou que ele faça algo atrapalhado em tela. E isso diminui a força dele como personagem principal.

Esse se torna o principal problema desse novo filme da Pixar: a falta de comprometimento por trazer algo novo e se ancorar em formulas pré-estabelecidas e não dar uma maior profundidade a trama. Carros 2 é um filme que tenta a todo custo tirar alguma risada do espectador, que traz um conflito forçado entre os amigos e que chega ao ápice de soltar frases artificiais do tipo de “aceitar como ele é”. Algo que a Pixarnunca precisou utilizar para criar ótimas histórias e personagens cativantes.


A animação, por outro lado, é impecável. Todas as texturas, as cores brilhantes e metálicas criam um universo mecânico crível e muito bonito. Cada carro é feito com um esmero ímpar para mostrar que cada um é único. E a animação não fica somente nesse campo, ela também ambienta muito bem cada país, como o oriente, os carros japoneses remetem aos animês, com cores fortes e cenários amplos e muito coloridos.

A ação do filme se mostra muito competente. Sendo jogadas para segundo plano, as corridas são rápidas como deveriam ser, mas perdem o foco para as partes de ação de espionagem. Chega a surpreender tamanha violência presente nesse filme, com direito a carros sendo explodidos, tiros de armas e misseis explodindo a torto e direito. Mas nada que comprometa essas cenas.

A hora havia de chegar. E ela chegou com Carros 2. Preguiçoso, previsível e formulaico, é um filme competente nos quesitos de  animação e ação, mas peca por faltar aquele elemento Pixar presente nos outros.


“Inteligência mecânica.”


Cars 2, animação/infantil, EUA 2011. Direção: Brad Lewis. Vozes originais de: Owen Wilson, Larry the Cable Guy, Emily Mortmer, Jason Issacs, Thomas Kretschmann, Michael Caine, John Turturro, Joe Mantegna, Eddie Izzard, Bruce Campbell, Vanessa Redgrave, Franco Nero.

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