segunda-feira, 4 de abril de 2011


Fúria Sobre Rodas 3D



Com dois Oscars no currículo, Nicolas Cage é conhecido pelas caracterizações um tanto quanto exageradas. Seus personagens geralmente são verborrágicos, gritam muito, e são cheios de trejeitos (basta lembrar de filmes como A Outra FaceA RochaVivendo no Limite e Vício Frenético). Ooveracting (como é chamado o ‘exagero’) divide opiniões, e o ator recebe tanto críticas quanto elogios. Em Fúria Sobre Rodas, em contrapartida, Cage vive um fora-da-lei frio e calculista, econômico  na demonstração de emoções, e protagoniza um B movie honesto às suas (des)pretensões, e, por congregar vários elementos desta categoria de forma correta, diverte.

Milton (Cage) é um criminoso que fugiu da prisão para vingar a morte da filha, assassinada por Jonah King (Billy Burke), o líder de um culto de magia negra. Na companhia de Pipe (Amber Heard, deZumbilândia), ele precisa deter a seita em três dias, antes que sacrifiquem sua neta em noite de lua cheia. Na jornada rumo à vingança, Milton cruza com personagens típicos de um ambiente ‘fora-da-lei’ (ou marginalizados) na representação do cinema norte-americano; sujeitos mal encarados e violentos, garçonetes ousadas, beberrões e gordos tarados. O personagem de Cage, com suas peculiaridades, pertence a este universo ilustrado com crueza e exagero que ratificam o ‘tom’ B do projeto. Não é um defeito.  

Fúria Sobre Rodas é um misto de Desejo de Matar (com um certo Charles Bronson) e Um Drink no Inferno. Explorando com eficiência as potencialidades do recurso 3DFúria Sobre Rodas tem excelentes sequências de ação, algumas violentas; como vísceras expostas, adagas esbugalhando o olho do indivíduo etc, mas como tem o objetivo de atender (também) ao público jovem e mais acostumado ao ‘mainstream’, a violência gráfica (não explícita) está mais presente ao longo da narrativa. 



O senso de humor (e a falta dele) dos personagens colabora para a manutenção do ritmo narrativo da obra; vale destacar o sanguinário e imprevisível ‘Contador’, um  sujeito misterioso que elimina várias pessoas, enquanto persegue Milton por um determinado motivo. A belíssima Pipe esbanja coragem ao manter-se fiel ao protagonista na sua difícil empreitada, e dispara socos e pontapés com inacreditável destreza. Personagens inverossímeis, rasos? Sem dúvidas. O que dizer da fala do vilão King, quando em determinado momento ameaça uma personagem; “Vou matar você e depois profanar o seu cadáver”. Funciona.

Cage está mais comedido (apesar da cara de choro de sempre) e compõe o protagonista desta obra com correção. O filme do diretor Patrick Lussier, por outro lado, nada tem de comedido. Critiquei em lançamentos recentes os ‘excessos visuais’ despropositados e Fúria Sobre Rodas é, de fato, ‘excessivo’. Mesmo com uma trama bizarra; eis o caso de um filme ‘over’ que funciona. Fúria Sobre Rodas é um filme ‘B’, mas não é bobo.



 

Fúria Sobre Rodas 3D (Drive Angry 3D) – 104 min
EUA – 2011
Direção: Patrick Lussier
Roteiro: Todd Farmer, Patrick Lussier
Elenco: Nicolas Cage, Amber Heard, William Fichtner, Billy Burke, David Morse, Todd Farmer, Christa Campbell, Charlotte Ross

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