Refilmagem de "A Hora do Espanto" traz Colin Farrell como vampiro
Franquias de terror dificilmente morrem de uma vez, ainda mais em tempos em que as novas ideias escasseiam e há um medo muito real de correr riscos com novidades. Assim, renasce o sucesso de 1985, "A Hora do Espanto," uma história então dirigida e roteirizada por Tom Holland, agora refilmada por Craig Gillespie, diretor da comédia "A Garota Ideal" (2007).
O elenco é, aliás, bem internacional, com a namorada do garoto, Amy, sendo interpretada pela inglesa Imogen Poots, o amigo chato de Charlie, Ed, pelo norte-americano Christopher Mintz-Plasse, e a mãe de Charlie, agora chamada Jane, pela australiana Toni Collette. O guru de um programa místico de televisão, Peter Vincent, é interpretado pelo escocês David Tennant.
O pressuposto básico, um garoto que descobre que o vizinho é vampiro mas ninguém acredita, é o mesmo. Até os nomes dos personagens principais não mudaram. O garoto é de novo Charlie Brewster (agora interpretado pelo jovem russo Anton Yelchin, de "Um Novo Despertar") e o vampiro ao lado é também Jerry (o irlandês Colin Farrell, de "Alexandre").
Se o duelo central acontece mesmo entre o jovem Charlie - lutando para proteger a mãe, a namorada e a vizinhança - e o faminto vampiro, um outro enfrentamento, na parte final, opõe também Jerry e o guru Peter Vincent. Neste último, até o contraste de sotaques entre os dois torna-se um detalhe irônico.
Como um especialista em artes secretas que vem dar uma ajuda a Charlie, lutando contra o vampiro dentro de sua própria fortaleza - uma casa com profundos subterrâneos e janelas cobertas para impedir a entrada de luz -, Tennant não raro rouba a cena como o personagem mais anárquico de todos, aproveitando para dar vazão a um humor negro em que ele se mostra extremamente à vontade.
TRAILER DO FILME "A HORA DO ESPANTO"
Começando como um vampiro charmoso e galanteador - até da mãe de Charlie -, Farrell parece às vezes não saber o que está fazendo neste filme. Não que esteja propriamente mal. Mas Farrell, um ator versátil, capaz de interpretar um personagem frágil e romântico em "Ondine" e não estranho ao humor negro como o matador azarado de "Na Mira do Chefe", aqui parece meio fora de seu ambiente.
Isso acontece também porque franquias que visam a plateia adolescente, como "A Hora do Espanto", trabalham em cima da estética dos contrastes, da acumulação e dos excessos. Assim, há a diferença, até física, entre o herói adolescente, branquelo e fraquinho, e o vampiro impositivo e saradão.
Os incidentes entre os dois vão se sucedendo, assim como os ataques do chupador de sangue, que provocam inúmeros desaparecimentos na vizinhança e na escola, sem que isso mobilize nenhuma investigação policial séria. Isso atenta contra a lógica, mas, como se sabe, não é o que se procura num filme do gênero.
Os excessos estão no sangue derramado aos litros, mas que não chegam a justificar o pagamento de um ingresso mais caro para assistir à versão 3D. Os meros respingos que se vê voando em sua direção dão vontade de chamar o vampiro para pedir o dinheiro de volta.
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